Seguidores

Tecnologia do Blogger.
RSS

[gtCD] INVASÃO DA FUNARTE É ANACRONISMO POLÍTICO*

Texto para conhecimento de todos...


*INVASÃO DA FUNARTE É ANACRONISMO POLÍTICO*
>
> Em recente evento no Rio de Janeiro, de lançamento dos projetos da FUNARTE
> para 2011, uma jovem colega vinda de São Paulo especialmente para a ocasião,
> pediu a palavra ao Grassi – presidente da FUNARTE – e ao final do evento leu
> um manifesto assinado por um grupo auto intitulado Movimento dos
> Trabalhadores da Cultura, mostrando que o MinC esta investindo muito aquém
> do que deveria nos programas de fomento e que as ações ali anunciadas eram
> paliativos diante da dívida do governo federal com o setor. Apesar do
> pequeno constrangimento causado pela denúncia num momento festivo – e que
> foi contornado com elegância, educação e espírito democrático pelo
> presidente Grassi – intimamente fiquei feliz com a manifestação da
> companheira. Acho que aquela manifestação cumpriu um papel importante ao
> chamar a atenção da platéia para os descaminhos do MinC.
>
> Me imaginei aos 20 anos, iniciando minha carreira teatral e paralelamente
> minhas atividades como militante da causa da cultura, e fiquei feliz em
> pensar que há trinta anos atrás eu poderia ter tido coragem de fazer o que
> aquela bela e jovem companheira fazia. Olhando o auditório em que o evento
> acontecia – sala Sidnei Miller – vi algumas gerações de artistas – a maioria
> dos quais conhecia pelo nome! – de gente que ao longo dos anos lutou para
> que tivéssemos um MinC forte, com políticas públicas democráticas,
> transparentes e permanentes, como aquela colega estava reivindicando. E me
> senti representado, e senti que aquela voz doce e enérgica representava os
> meus companheiros ali presentes, pois representava a nossa luta. Não
> aplaudi, afinal estávamos ali para prestigiar os companheiros da Funarte,
> que apesar de um ministério inoperante e esvaziado, conseguiam nos dar boas
> notícias de continuidade dos editais de fomento, de pagamentos que não
> haviam sido feitos pelo governo anterior, de novidades concretas e boas como
> novos editais públicos para ocupação das salas da Funarte e a reabertura do
> Dulcina, entre outras ações. Estávamos ali para apoiar e para
> comemorar as conquistas
> que só Deus sabe o que Grassi e sua equipe devem ter gramado para conseguir
> num ministério onde a Ministra esta mais por fora que umbigo de vedete da
> Praça Tiradentes... Apesar de concordar que aquelas ações que estavam sendo
> anunciadas eram mínimas, reconhecia o esforço e considerava descortês
> protestar naquele momento, mas intimamente me solidarizei com aquela
> manifestação juvenil, e naquele caso, justa. Fiquei feliz de ver jovens
> chutando o pau da barraca, dentro dos limites da razoabilidade, da
> democracia, ali a única regra quebrada foi a da educação ( e mesmo assim
> acho que não foi, a colega tinha o direito a falar e falou). Ao final de sua
> fala/leitura de um manifesto, a jovem companheira anunciou que uma "bomba"
> estava sendo preparada para chamar a atenção para as reivindicações. Achei
> engraçada a expressão que transformava a companheira numa Osama Bin Laden
> dos trópicos e de saia.
>
> Pois é, a tal bomba anunciada foi a invasão das dependências da Funarte/SP
> no último dia 25, impedindo que os funcionários da casa trabalhassem e
> suspendendo unilateralmente as atividades culturais que ali se realizavam –
> inclusive a temporada da peça em cartaz, vencida por edital público.
>
> No tal manifesto o tal Movimento Trabalhadores da Cultura reivindica a
> "imediata aprovação da PEC 236, que prevê a cultura como direito social;
> imediata aprovação da PEC 150, que garante que o mínimo de 2% (40 bilhões de
> reais) do orçamento geral da União seja destinado à Cultura; imediata
> publicação dos editais de incentivo cultural que foram suspensos;
> descontingenciamento imediato da parca verba destinada à Cultura".
>
> Poucas vezes eu acompanhei uma ação política tão anacrônica na minha vida.
>
> Que o MinC esta deixando muito a desejar, isso é fato, nem tanto pelos
> motivos alegados pelos invasores afinal a maioria das reivindicações já
> estão formatadas como projetos de lei e estão tramitando no Congresso
> Nacional, portanto sequer estão na alçada de deliberação do Ministério,
> muito menos da Funarte!
>
> Mas ao se valer de métodos terroristas de ação o MTC impõem ao movimento um
> grande retrocesso atropelando uma pauta justa com uma ação descabida. A
> reivindicação deixa de ser a questão. A questão é que um grupo de artistas
> que esta longe de representar uma opinião hegemônica na classe artística
> brasileira, sequer hegemônica na cidade de São Paulo, invadiu um prédio
> público, desalojou funcionários e artistas que lá trabalhavam, ou seja, em
> nome da democracia cometem um ato absolutamente ditatorial, sectário,
> intransigente, completamente fora de propósito e deslocado no tempo. É
> preciso que essa ação desastrada e infantilóide acabe imediatamente.
>
> A invasão deixa claro duas questões eminentes. Primeiro: temos um
> ministério sem direção. A indicação da cantora e compositora Ana de
> Hollanda, que teve minha simpatia num primeiro momento, tem se revelado
> frustrante. Até agora Ana não conseguiu balbuciar uma palavra que indicasse
> o rumo que seu ministério vai tomar e não conseguiu manter os níveis
> orçamentários minimamente dignos para a pasta. Mostra-se , a cada dia, fraca
> e sempre refém dos fatos não conseguindo colocar em pauta suas sugestões de
> ações. Parte disso se deve a própria base de apóio do governo insatisfeita
> desde o inicio com a sua indicação, o tal "fogo amigo". No entanto, entrando
> no oitavo mês de mandato, se a ministra não conseguiu contornar a situação,
> ela mostra que não tem condições de ocupar o cargo. Pequenos comentários na
> imprensa mostram que o Governo já entendeu isso, e que a substituição da
> ministra é uma questão de tempo. Que a Presidenta Dilma nos surpreenda
> positivamente – como em algumas de suas últimas ações! – e que coloque no
> MinC alguém que esteja acima das disputas partidárias de sua base e que
> tenha condições e propostas para retomar o caminho de fortalecer o jovem
> MinC, retomando a gestão positiva do Ministro Gil.
>
> Segundo: mostra que as entidades de classe não estão organizadas para tomar
> a frente da necessária luta pelos avanços que esperamos no MinC. Existe sim
> um vazio da liderança política nesse processo que dá margem para esse tipo
> de ação aventureira. Nos oito anos de governo Lula as entidades foram
> alijadas dos processos decisórios sendo substituídas por uma cultura de
> assembleísmo que minam a representatividade da classe em nome de uma prática
> pseudo democrática. É urgente que a classe artística organizada de forma
> representativa e democrática, através de suas entidades, assuma a vanguarda
> desse processo, organize o movimento, promovendo debates, produzindo
> documentos, propondo e cobrando dos governantes.
>
> Me chocou também que os integrantes do Colegiado Setorial de Teatro, uma
> instância consultiva criada a pedido do próprio MinC para discutir as
> questões ligadas a ele, tenham lançado uma Moção de Apoio a essa invasão. Ao
> assinar tal manifesto os companheiros mostram que não tem mais o que debater
> com o MinC. Seria mais digno e impactante que ao invés de ficarem jogando
> lenha numa fogueira que não vai levar a nada, incentivando ações políticas
> descabidas e infantilóides, entregassem seus cargos mostrando sua
> insatisfação com a falta de diálogo e os atuais rumos, ou falta de rumo, do
> ministério. Isso sim seria uma ação política responsável e forte. Não faz o
> menor sentido um colegiado de assessoramento e consulta do MinC apoiar uma
> ação tão equivocada contra o próprio MinC.
>
> Os que estão de fato buscando discutir políticas públicas para a cultura,
> dentro do regime democrático e principalmente dentro do desenvolvimento da
> luta pela consolidação de avanços no MinC, devem imediatamente se manifestar
> contra esse ato unilateral e autoritário para não serem confundidos com um
> grupo mega minoritário, isolado e equivocado que quer impor suas posições
> com ações espetaculosas. Ao contrário de ações desse tipo, datadas e
> descabidas, temos é que encontrar novas formas de exercer a democracia,
> ampliando seus limites, pois ainda temos muito chão para percorrer.
>
> DUDU SANDRONI, diretor e ator de teatro.
>
>
>
> --
> Carlos Sandroni
> Departamento de Música, UFPE
> Programa de Pós-Graduação em Antropologia, UFPE
> Programa de Pós-Graduação em Música, UFPB
> Telefones:
> (81) 2126 8596 / 8597 (UFPE)
> (81) 9811 1473 (Celular)
> Endereço:
> Rua César Loureiro, 75/103
> Casa Forte - 52060-350
> Recife - PE
>

--
Robson Bomfim***

Tuxaua:Nós na Interseção Digital
GNU/LINUX user # 489500
e-mail: reductio.ad.ethos@gmail.com
skype: rbscamba1
gtalk: reductio.ad.ethos
twitter: @rbscamba
-
-----    --- eSPAço LivRe dE ArTe---    ----
*** *Free Art CiberNeticA   --- Gimp---    Inkscape
XiluGraVida   @!---§§§#---      /Debian/ /linux/GNU
/Linux--#$ 00101101010010 love bits***.*

http://lattes.cnpq.br/7461730442638498
http://mocambos.net
http://www.noscaminhosdesaopaulo.org/
http://robsonsampaio.batemacumba.net/
http://www.trilhasdaserra.org.br/ponto_de_cultura.asp

"A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original." Albert Einstein

--
Essa mensagem foi postada no grupo: http://groups.google.com/group/gtculturadigital?hl=pt?hl=pt-BR
 
Esse grupo está ligado ao Movimento Cultura Digital:
http://culturadigital.br/movimento

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

0 comentários:

Postar um comentário