para os descrentes e para os devagar quase parando que acham que eu
estou exagerando, vejam como amanheceu a rádio muda esta manhã:
http://pic.twitter.com/2Eo9IhFe86
a omissão de vocês só faz apoiar a criminalização de uma utopia concreta!!!
"(...) As rádios livres não nasceram de um fantasma da belle epoque
dos meia-oitos, como escreveu um jornalista da Folha de S. Paulo.
Trata-se, pelo contrário, de um movimento que se instaurou, nos anos
70, como reação a uma certa utopia abstrata dos anos 60. As rádios
livres representam, antes de qualquer outra coisa, uma utopia
concreta, suscetível de ajudar os movimentos de emancipação desses
países a se reinventarem. Trata-se de um instrumento de experimentação
de novas modalidades de democracia, uma democracia que seja capaz não
apenas de tolerar a expressão das singularidades sociais e
individuais, mas também de encorajar sua expressão, de lhes dar a
devida importância no campo social global. Isso quer dizer que as
rádios livres não são nada em si mesmas. Elas só tomam seu sentido
como componentes de agenciamentos coletivos de expressão de amplitude
mais ou menos grande. Elas deverão se contentar em cobrir pequenos
territórios; poderão igualmente pretender entrar em concorrência,
através de redes, com as grandes mídias; a questão fica aberta. O que,
no meu modo de ver, a resolverá é a evolução das novas tecnologias. As
rádios livres, e amanhã as televisões livres, são apenas uma pequena
parte do iceberg das revoluções midiáticas que as novas tecnologias da
informática nos preparam. Amanhã, os bancos de dados e a cibernética
colocarão em nossas mãos os meios de expressão e de concentração por
enquanto inimagináveis. Basta que esses meios não sejam
sistematicamente recuperados pelos produtores de subjetividade
capitalista, ou seja, as mídias "globais", os manipuladores de
opinião, os detentores do star system político. Trata-se, em suma, de
preparar a entrada dos movimentos de emancipação numa era pós-midia,
que acelerará a reapropriação coletiva não apenas dos meios de
trabalho mas também dos meios de produção subjetivos."
Felix Guatarri, em Rádios Livres - a Reforma Agrária no ar. (Arlindo
Machado, Caio Magri e Marcelo Masagao, ed. Brasiliense 1986)
acha que sabe o que é mídia livre mas não leu ainda esse clássico
visionário que ajuda a entender a importância das tecnologias livres?
sem problemas, pode baixar ele aqui:
http://dodopublicacoes.wordpress.com/2009/03/15/radios-livres/
.
On 2/21/14, fabianne balvedi <fabs@estudiolivre.org> wrote:
> nossa Roberto, esse teu email não convida tanto a um debate, parece muito
> mais uma entrevista de tantas perguntas que tem... e logicamente não tenho
> respostas para todas elas, mas vamos lá.
>
>
>
>
>> Por isso é que eu acho que um grande debate deve se estabelecer
>> urgentemente em relação a esse e outros monopólios, contando com a
>> participação de um amplo espectro de forças que possam (comunidades
>> indígenas, afro-descendentes etc), servir de contra-peso efetivo a esses
>> agentes da "de-sinformação ou informação seletiva que geram o
>> "duplipensar"
>> no verdadeiro Big Brother descrito por Orwell no seu famoso livro,1984.
>>
>> Voltando as rádios, não sou especialista no assunto, mas não vejo nos
>> debates discussões sobre conteúdo.
>>
>
>
> Uma observação muito bem pontuada. A produção de conteúdo é de extrema
> importância também. Porém não teremos como veicular estes conteúdos se
> deixarmos que tecnologias proprietárias dominem nosso espectro.
>
>
>
>>
>> Por acaso, já foi feito alguma pesquisa ou debate a respeito de que tipo
>> de programação ou conteúdo étnico, quilombolas,movimentos sociais,
>> diferentes etnias indígenas e outros segmentos gostariam que fosse gerado
>> nas rádios alternativas? Existem projetos para elaboração de programas em
>> regime de parceria entre as comunidades e especialistas no assunto?
>>
>>
>
> faz muitos anos que a associação de vídeo e cinema da qual faço parte luta
> para que conteúdos da cultura nacional tenham espaço em programações.
> Existem inúmeras pesquisas na academia sobre este assunto e o MinC já
> lançou muitos editais voltados a conteúdos específicos. O índios, por
> exemplo, já se organizam faz tempo em relação a isso e até já ganharam
> festivais, vide a repercussão do Hipermulheres.
>
>
>
>> Qual é a percepção atual desses segmentos e comunidades, onde a geração
>> de
>> imagens da TV Globo chega como rolo compressor em relação, por exemplo,
>> as
>> novelas e outros conteúdos?
>>
>
>
> você sabia que meus alunos quase não vêem globo? não só os universitários,
> mas alunos de oficinas de ponto de cultura mesmo. O canal deles agora é o
> youtube, a web e suas infinitas possibilidades de busca. Sabe qual é a
> média atual de audiência do JN? O rolo compressor já faz algum tempo que
> perdeu força. E vem perdendo cada vez mais. Por isso vêem na tecnologia um
> jeito de retormar na força suas audiências. E isso inclui até a maculação
> da neutralidade da rede.
>
>
>
>> Como se conforma o seu imaginário em relação as produções globais e as
>> pregações neo-pentecostais? O que eles propõem como alternativa? Eles
>> participam, ou suas vozes são ouvidas nos vários debates e encontros
>> promovidos por intelectuais, acadêmicos e movimentos militantes de mídia
>> alternativa?
>>
>>
> eu não entendi o que você está realmente querendo saber aqui. Pois se suas
> vozes não fossem ouvidas com certeza não teriam as concessões que tem hoje.
>
>
>
>> Como, na suas opinião, se estruturaria uma rede de suporte e manutenção
>> desses equipamentos instalados nas comunidades? Há alguma espécie de
>> treinamento dos locais? Ao que me consta, a poucos meses, o Iuri foi
>> solicitado a prestar seus serviços de manutenção a uma comunidade
>> quilombola e o sufoco parece que foi grande.
>>
>>
> o governo poderia colocar essa pauta dentro de programa como o das cidades
> digitais, por exemplo. Quando existe vontade política de ambas as partes,
> governo e sociedade civil, a coisa acontece. Alguém aqui tem acompanhado
> este programa? Eu tenho. Joaçaba, cidade onde meus pais vivem, foi a única
> de Santa Catarina contemplada no primeiro edital. Claro que existem
> problemas, mas acho que está dando certo. A infraestrutura de fibra ótica
> já está em fase de finalização e há um treinamento obrigatório sendo
> oferecido gratuitamente para uma grande porcentagem de população local. Os
> treinamentos vão desde a utilização mais básica de um computador (como
> ligar, usar o mouse, abrir e salvar um documento), até formação de técnicos
> em infraestrutura de redes locais (para atender a demandas de manutenção).
> Uma proposta totalmente razoável seria fazer um edital desse tipo para
> utilização da rádio digital.
>
>
>
>> O que, de fato, impede que setores interessados na massificação dessas
>> rádios se juntem e exerçam forte pressão para que se estabeleçam marcos
>> regulatórios para o seu funcionamento?
>>
>
>
> boa pergunta. gostaria muito de saber por que este assunto não se configura
> como pauta prioritária.
>
>
>
>> Os ativistas buscam apoio internacional?
>>
>
>
> faz tempo. Tropixel é um exemplo.
>
>
>
>> Há diálogos e troca dei idéias com outros países que já tem consolidada
>> uma base instalada de rádios alternativas em pleno funcionamento?
>>
>
>
> isso não faço idéia, quem trampa mais direto com rádios livres pode te
> responder melhor que eu.
>
>
>
>> Existe o debate de uma legislação internacional ou, mais modestamente, no
>> âmbito do Mercosul,para regular e proteger essas rádios da ingerência de
>> ditadores e governos totalitários?
>>
>
>
> a ingerência já existe, e rádios livres já são criminalizadas por governos
> que se dizem democráticos. É uma luta permanente, que necessita mais que
> resistência. Precisa de persistência. E é por isso que estou aqui me dando
> ao trabalho de tentar responder a todas estas perguntas que você formulou.
>
> por fim, gostaria de dizer que até entendo que o tema das tecnologias
> livres possa afastar pessoas do debate por conta da dureza das palavras das
> pessoas que estão envolvidas faz muito tempo na questão, e por isso muitas
> vezes cansadas e sem paciência. Mas esse entendimento também me revela uma
> atitude bastante infantil. É como dizer que não se quer debater ou se
> posicionar sobre direitos humanos porque boa parte de quem pesquisa e fala
> sobre direitos humanos são "chatos, feios e bobos". Eu até posso ser chata,
> feia e boba, mas não acho que meu comportamento deva ser diretamente
> associado ao tema sobre o qual estamos falando, desmerecendo-o. Isso é um
> argumento extremamente falacioso. Sei que nossa criança interior deve ser
> ouvida e cuidada, mas não é agindo como crianças que se dá essa devida
> atenção e cuidado.
>
> saludos,
>
> .f4bs
> .
> .
--
--
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[gtCD] Re: [submidialogia] [estudiolivre] [radiomuda] Pra ajudar na divulgação do FMML em Poa
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