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[Acesso Digital] Re: Aplicativo gratuito traduz textos e áudios em português para Libras

  • Elton Vergara-Nunes · ...
    Gostaria muito de saber de onde saíram os dados sobre o número de usuários de libras e o número de pessoas surdas que não dominam a língua portuguesa.

    Apesar disso, se forem verdadeiros esses dados, quase 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva identificadas pelo Censo 2010 (a matéria acima parece sugerir que todos têm surdez), 5 milhões usam libras... então minha pergunta é: Como se comunicam os outros 5 milhões? Em língua portuguesa? Poderíamos dizer, diante disto, que esse outro grupo precisa ser levado mais a sério pelos porta-vozes oficiais da comunidade surda.

    Conforme diz a matéria, dos 5 milhões de usuários de libras, 2 milhões não dominam a língua portuguesa. Pela lógica matemática, os outros três milhões a dominam. Isso quer dizer que a maioria das pessoas surdas dominam a língua portuguesa e apenas uma minoria não consegue comunicar-se em língua portuguesa, precisando da libras para isso.

    Pergunto, por que os Sulp (Surdos Usuários de Língua Portuguesa) são tão pouco considerados e normalmente esquecidos pela cultura surda e pela comunidade surda?

Caro Luiz, obrigado pela resposta ao meu comentário lá no blog, mas prefiro trazer a discussão aqui para as listas, da qual participam pessoas diretamente interessadas no assunto (ou seja, pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência comprometidas nessa questão). Assim, gostaria que as pessoas, ao responderem, enviassem cópia para ti, se não fazes parte de alguma desses grupos de discussão.

Dois aspectos que gostaria de comentar:

Primeiramente, na minha opinião, a matéria está confusa no começo, já que não esclarece esses números do IBGE. O Censo do IBGE, como bem sabes, segue uma metodologia científica, embora questionada pelas pessoas com deficiência por ser por amostragem, e abrange todo o país. Portanto, são números gerais e oficiais. De fato, nos dados do IBGE, existem 9.722.163 pessoas com algum nível de deficiência visual, entretanto, apenas 347.481 não conseguem ouvir de modo algum. Este número oficial está muito longe dos 5 milhões usuários de libras.Talvez pudessem ser incluídos as 1.799.885 de pessoas com grande dificuldade de ouvir, ou seja, com deficiência auditiva severa, que possivelmente usem aparelhos auditivos e outras ajudas técnicas para amenizar sua dificuldade. Mesmo assim, essa soma estaria muito aquém dos 5 milhões de usuários de libras. Então a conclusão que se pode chegar é que nesse grupo de usuários de libras existe muita gente que tem alguma dificuldade para ouvir (que somam 7.574.797, segundo o Censo 2010). Mas, neste caso, hás de concordar comigo, que essas pessoas não precisariam de libras, já que poderiam, com alguma ajuda técnica escutar. Por isso, minha indagação de onde vêm os cinco milhões de usuários de libras? Será que nesse número estão incluídos, então, os intérpretes ouvintes, os familiares ouvintes, os amigos e colegas de aula ouvintes? Caso sim, esses tampouco entrariam nas estatísticas do IBGE e não poderiam ser contados nos 5 milhões, pois tu dizes que é no total de 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva (dos quais mais de 7 milhões tem "alguma dificuldade para ouvir") que estão os 5 milhões de usuários de libras. Como disse, teu artigo é confuso nisso. Tuas contas não são coerentes com os dados oficiais, tua matéria usa esses números para dar impacto ao que importa realmente (anunciar o software). Mas, então, estarias ludibriando os leitores com números fantásticos, distorcidos e mentirosos? Acredito que não. O que acredito é que possas ter te baseado em estatísticas tendenciosas, em números comprometidos politicamente, em contagens intuitivas e marcadas por interesses de grupos específicos. Seriam essas as pesquisas específicas a que te referes em tua resposta? Dizes, ainda, que dos 5 milhões de usuários de libras, 2 milhões não dominam a língua portuguesa. Disso, eu concluí que os outros 60% sabem o português e têm condições de usá-lo para se comunicarem. Então a pergunta que faço (como reflexão, já que tua matéria não se propõe a abordar este tema): Por que os Surdos Usuários de Língua Portuguesa (Sulp) são tão ignorados pelos políticos (leia-se pelos homens e pelas mulheres da política) e pelas políticas (leia-se ações, projetos e orçamentos públicos)? Existe interesse em dar a todas as pessoas surdas (usuários de libras e usuários de português) as mesmas condições de comunicação? Parece que não. A presença de intérpretes, janela de libras, professores concursados de libras etc. é obrigatório para todas as partes... mas a acessibilidade para quem não escuta e não usa libras (usa o português) é ignorada e praticamente inexistente. Por que isso ocorre? Certamente por interesses de grupos específicos. O jornalismo será que adotou a posição de algum desses grupos, ou está interessado em divulgar apenas aquilo que todos já leram repetidas vezes?

Bueno, não me alongo mais.


Em segundo lugar, retomando a questão acima, a que "pesquisas específicas" te referes? Mesmo que elas não tenham sido publicadas na internet, serviram de base para tua matéria. Onde foram divulgadas? Que metodologia seguiram? Que instituição ou órgão oficial fez esse censo? Quem financiou a pesquisa na qual baseaste tua matéria? Referências científicas podem ser citadas sem precisar ser digital (link). Ok, és jornalista e não cientista. Mas isso não te dispensa da honestidade e da clareza no uso das fontes em que te baseias para justificar tuas afirmações.

Fico por aqui, acho que escrevi muito.

Não amplio esta discussão lá no teu blog (podes reproduzir esta minha resposta lá... mas na íntegra), porque acho este espaço aqui mais objetivo para o assunto.

Um abraço

elton





Em 3 de abril de 2013 06:16, Luiz Alexandre de Souza Ventura <luiz.ventura@estadao.com> escreveu:

Caro Elton.

Veja minha resposta no seu comentário, no blog.

Abraço.

_________________________________________________________

 

Luiz Alexandre Souza Ventura | Editor Home | estadão.com.br

Avenida Engenheiro Caetano Álvares, nº 55 - 6º andar - CEP: 02598-900

http://blogs.estadao.com.br/vencer-limites/

_________________________________________________________

 

De: Elton Vergara-Nunes [mailto:vergaranunes@gmail.com]
Enviada em: terça-feira, 2 de abril de 2013 17:50
Para: Luiz Alexandre de Souza Ventura
Cc: Sônia Maria Ramires de Almeida
Assunto: Aplicativo gratuito traduz textos e áudios em português para Libras

 

Prezado jornalista Luiz Ventura,

 

Recebi hoje através de duas listas de discussão das quais participo, cópia da matéria sobre o Hugo, novo aplicativo que traduz língua portuguesa para libras. O começo da matéria me chamou a atenção, já que sobre o aplicativo eu já conhecia o conteúdo.

 

Gostaria de mais informações sobre a fonte dos dados de usuários de libras e sobre os que não conhecem a língua portuguesa, utilizados na matéria citada.

 

Agradeço pela atenção.

 

elton

 

---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Elton Vergara-Nunes <vergaranunes@gmail.com>
Data: 2 de abril de 2013 15:28
Assunto: Re: [acessibilidade] FW: [Acesso Digital] Aplicativo gratuito traduz textos e áudios em português para Libras
Para: David Pinheiro Fonseca <david-p-fonseca@telecom.pt>
Cc: acessibilidade <acessibilidade@yahoogrupos.com.br>


Copio e colo aqui o que escrevi na lista acessodigital, onde a nota abaixo foi postada hoje também.

 

elton

 

 

Gostaria muito de saber de onde saíram os dados sobre o número de usuários de libras e o número de pessoas surdas que não dominam a língua portuguesa. 

 

Apesar disso, se forem verdadeiros esses dados, de 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva identificadas pelo Censo 2010 (a notícia parece sugerir que todos têm surdez), 5 milhões usam libras... então minha pergunta é: Como se comunicam os outros 5 milhões? Em língua portuguesa? Poderíamos dizer, então, que esse outro grupo precisa ser levado mais a sério pelos porta-vozes oficiais da comunidade surda.

 

Conforme diz a nota, dos 5 milhões de usuários de libras, 2 milhões não dominam a língua portuguesa. Pela lógica matemática, os outros três milhões a dominam. Isso quer dizer que a maioria das pessoas surdas dominam a língua portuguesa e apenas uma minoria não consegue comunicar-se em língua portuguesa, precisando da libras para isso.

 

Tô viajando ou o que digo tem algum fundamento? Levanto essas questões baseado na nota que foi enviada à lista. Se estou errado, onde meu raciocínio tropeçou? Se estou certo, por que os Sulp (Surdos Usuários de Língua Portuguesa) são tão pouco considerados e normalmente esquecidos pela cultura surda e pela comunidade surda?

 

elton

 

 

 

Em 2 de abril de 2013 15:18, David Pinheiro Fonseca <david-p-fonseca@telecom.pt> escreveu:

 

 

 

 

Quase 10 milhões de brasileiros são deficientes auditivos, segundo números do Censo 2010 do IBGE. Desse total, aproximadamente 5 milhões utilizam a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para se comunicar e, desse grupo, 2 milhões não têm fluência na língua portuguesa.

Por isso, a partir desta terça-feira, 2, um aplicativo promete facilitar o diálogo desses cidadãos com outros que vivem a mesma situação ou até mesmo com quem não tem qualquer problema de audição.

O ProDeaf, lançado hoje pela empresa pernambucana de mesmo nome, faz a tradução para Libras de textos e áudios em português, em tempo real. O app já está liberado para download no Google Play e também poderá ser instalado a partir do endereço http://prodeaf.net/.

"O aplicativo é gratuito e tem 1.200 sinais em Libras, mas pode receber novas informações do próprio usuário. O aplicativo tem um editor que cadastra novos sinais. Diariamente, uma equipe faz avaliação do conteúdo incluído e libera a atualização para todos", explica João Paulo Oliveira, CEO da ProDeaf.

Hoje, ele chega à rede na versão para Android, mas o executivo já adianta que as versões para iPhone e Windows Phone estão em fase de conclusão e devem ser liberadas nas próximas semanas.

A ideia do aplicativo nasceu em 2010, nas salas de aula do curso de mestrado em Computação daUniversidade Federal de Pernambuco (UFPE), a partir da história do estudante Marcelo Amorim, que é deficiente auditivo. "Nós acompanhamos as dificuldades que ele enfrentava até mesmo na cantina, para pedir um sanduíche", diz João Paulo Oliveira. Colega de faculdade de Amorim, o executivo e mais três estudantes – Flávio Almeida, Amirton Chagas e Lucas Mello – conseguiram dar forma ao projeto/conceito, que foi vencedor da Imagine Cup 2011, evento realizado anualmente pela Microsoft para incentivar a inovação tecnológica.

A partir disso, eles decidiram apresentar a ideia para a Bradesco Seguros, que investiu no projeto. A verba foi utilizada na contratação de mestres em linguística e design, e a empresa montou um comitê com 40 deficientes auditivos, que analisaram detalhadamente o ProDeaf, sugerindo mudanças, até que o aplicativo chegasse ao formato ideal.

Em dezembro de 2012, o ProDeaf foi selecionado para a Wayra, aceleradora global do Grupo Telefonica que trabalha para identificar e reter talentos no País nas áreas de inovação e tecnologia.

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