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[gtCD] IMPORTANTES REFLEXÕES SOBRE CINEMA DIGITAL

Alguém saberia informar que "padrão brasileiro" é esse?
A meu ver, foi algo criado informalmente, não?

---------- Forwarded message ----------
From: Guto Pasko - GP7 <guto@gp7cinema.com>
Date: 2011/10/30
Subject: [Informes AVEC-PR] IMPORTANTES REFLEXÕES SOBRE CINEMA DIGITAL
To: avecpr@googlegroups.com

Associação se pronuncia contra padrão de exibição digital no país

A Associação Brasileira de Cinematografia (ABC), que reúne técnicos de
imagem e som do audiovisual no país, divulgou nesta sexta-feira (dia
28) um documento intitulado "Recomendações Técnicas para a Imagem e o
Som nas Mídias Audiovisuais Digitais".


No documento, a ABC expressa sua "crescente preocupação com a forma
com que os seus trabalhos vem sendo apresentados ao público".
"Esta iniciativa ganhou urgência face aos problemas técnicos
constatados pela ABC durante a exibição de muitos filmes nas últimas
edições dos principais festivais e mostras realizadas no Brasil, e
também na divulgação pelas emissoras de televisão."


"A revolução digital trouxe a falsa esperança de que a qualidade do
original seria integralmente preservada ao longo da cadeia de
produção. Além disso, o digital inaugurou a facilidade de acesso
(preço e acessibilidade), aos equipamentos (hardwares e softwares) por
parte dos produtores e técnicos", dizia ainda o documento, que de modo
geral aponta para uma deficiência de padrões equivalentes, no digital,
aos que se estabeleceram ao longo da existência do processo
fotoquímico -- ou seja, dos filmes realizados e projetados em
película.

A ABC afirma que o "padrão brasileiro" está "sensivelmente abaixo
daquele adotado mundialmente para o cinema digital".

O documento expressa também preocupação com a falta de investimento na
formação de profissionais da área e estabelece um grupo de trabalho
para preparar e divulgar recomendações técnicas.

Nesta semana, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, aberta na
sexta (21), foi alvo de reclamações, difundidas em grande parte em
redes sociais, por problemas nas projeções dos filmes exibidos em
formato digital.
Veja, abaixo, a íntegra do documento.


ATITUDE DIGITAL

Recomendações Técnicas para a Imagem e o Som nas Mídias Audiovisuais Digitais

A ABC (Associação Brasileira de Cinematografia), que tem como
associados os técnicos responsáveis pela criação da imagem e som do
audiovisual brasileiro, vem a público manifestar sua crescente
preocupação com a forma com que os seus trabalhos vem sendo
apresentados ao público, e propor uma ampla discussão ao longo de toda
a cadeia produtiva (técnicos, produtores, realizadores, finalizadores,
distribuidores, laboratórios, imprensa especializada, autoridades e
instituições do cinema).

Esta iniciativa ganhou urgência face aos problemas técnicos
constatados pela ABC durante a exibição de muitos filmes nas últimas
edições dos principais festivais e mostras realizadas no Brasil, e
também na divulgação pelas emissoras de televisão, e tem por objetivo
buscar, em conformidade com todos os envolvidos, a melhor forma de
preservar a qualidade do audiovisual brasileiro, adotando padrões
técnicos universais e aperfeiçoando os procedimentos ao longo do
processo produtivo.

Esse é um momento de acelerada transformação tecnológica - com todas
as dificuldades e percalços que isso implica, e à ABC cumpre agir no
sentido de assegurar ao público a melhor qualidade possível na
apresentação da obra audiovisual.


A cadeia produtiva no foto-químico

Até alguns anos atrás o percurso das nossas imagens e sons entre o
momento da sua captação e apresentação poderia ser descrito como:
Filmagem > Laboratório > Montagem > Finalização > Copiagem > Projeção.
Tradicionalmente, era responsabilidade do Diretor de Fotografia
dominar a técnica da filmagem, do laboratório processar a película
dentro de padrões rígidos que garantissem a qualidade do registro
fotográfico, e do Exibidor projetar os filmes também dentro de padrões
que permitissem a reprodução fiel da imagem e som concebidos na origem
por Produtores/Diretores, Diretores de Fotografia, Diretores de Arte e
Equipe de Som.


Ao Diretor de Fotografia cabia indicar equipamentos e procedimentos
técnicos necessários para a impressão no negativo da imagem concebida
para o projeto. Era de sua responsabilidade garantir a obtenção de uma
imagem de qualidade compatível com o grau de investimento financeiro e
artístico de todos os envolvidos no processo de produção e criação.

Para garantir a preservação da qualidade da imagem e som foi
necessário desenvolver uma metodologia e criar padrões técnicos de
referência para todos os processos. Diretores de Fotografia, Técnicos
de Laboratório e de Projeção se pautaram por eles visando garantir a
excelência do espetáculo cinematográfico.

A revolução digital trouxe a falsa esperança de que a qualidade do
original seria integralmente preservada ao longo da cadeia de
produção. Além disso, o digital inaugurou a facilidade de acesso
(preço e acessibilidade), aos equipamentos (hardwares e softwares) por
parte dos produtores e técnicos.

Com o desenvolvimento da tecnologia digital, que multiplicou formatos,
mídias e codecs (codificadores/decodificadores), surgiu uma enorme
diversidade de caminhos para as nossas imagens, da captação até a
exibição. Expandiram-se as possibilidades criativas e com isso
tornou-se imperativo o estabelecimento de uma metodologia e de padrões
rígidos como a que havíamos alcançado no foto-químico. A facilidade
das interfaces amigáveis, de certa forma mascara a complexidade
crescente dos equipamentos e processos. Um erro numa fase
intermediária muitas vezes só aparece quando da exibição da peça
finalizada.

A partir de 1999 a tecnologia DLP Cinema (Digital Light Processing),
foi aprovada pela indústria cinematográfica norte-americana, sem que
entretanto fossem criadas normas técnicas ou padrões definidos para
regulamentar o que passou a ser chamado de Cinema Digital. Na ocasião
ficou estabelecido que sob essa denominação estariam aquelas exibições
realizadas com uma resolução espacial superior a 2K (2 mil pontos por
linha).

Seis anos se passaram até que a DCI (Digital Cinema Initiatives), um
grupo formado a partir das majors de Hollywood, publicou em um
documento abrangente estabelecendo as especificações técnicas para o
cinema digital com o intuito de estabelecer limites de qualidade tão
altos quanto o filme 35mm. Esta iniciativa foi encampada pelo meio
cinematográfico e pela SMPTE (Society of Motion Picture and Television
Engineers) que mais tarde criou um padrão específico para atender tais
requisições.

No Brasil, com a alegação de que a produção independente, que hoje
migrou maciçamente para o digital, não teria condições de gerar rendas
para cobrir os custos da instalação de salas com o padrão DCI, foi
adotado informalmente um "padrão brasileiro" que reuniu elementos de
hardware esoftware já existentes no mercado para atender a um modelo
de negócio considerado factível pelos empresários da distribuição e
exibição digital. Este padrão está sensivelmente abaixo daquele
adotado mundialmente para o cinema digital.

Como profissionais da imagem e do som sabemos que o aumento de
variáveis no processo digital traz junto o crescimento da
probabilidade de erros. Daí a necessidade de se aumentar o controle e
não diminuí-lo como muitos erroneamente acreditam, e de adotar normas
universais que venham disciplinar a cadeia produtiva do audiovisual.

O registro da imagem cinematográfica e do som implica investimento
significativo de capital, criação artística e conhecimento técnico.
Existe um processo de construção destes registros a partir de
conceitos concebidos pelo núcleo criativo que devem ser preservados
até sua apresentação seja ela em salas de exibição, televisores,
computadores pessoais ou dispositivos portáteis.

Ao escolhermos nosso equipamento de captação estamos definindo uma
série de especificidades para nossas imagens que devem ser preservadas
ao longo do caminho através de um workflow adequado, testado e
aprovado pelo produtor.

Outro aspecto que preocupa a ABC nesse momento de transição
tecnológica, é a ausência de cursos de atualização, reciclagem e
formação de projecionistas e técnicos em projeção digital.

Por outro lado, o sucateamento das sala de exibição em suporte
foto-químico, consequência da ausência de investimento numa tecnologia
cada vez mais considerada como em vias de desaparecimento, levou a
qualidade da exibição nas salas de cinema ao patamar mais baixo que se
tem notícia até hoje entre nós.

Nesta conjuntura, a ABC manifesta sua preocupação com o acúmulo de
erros e a falta de controle de qualidade em todas as etapas do
processo, especialmente na masterização e na exibição, o que
compromete o trabalho de todos os envolvidos na criação da imagem e do
som (Diretores de Fotografia, Diretores de Arte,Montadores,
Figurinistas, Tecnicos de Som, Mixadores, Editores, etc).

Como ação inicial, estamos estabelecendo um Grupo de Trabalho dentro
desta Associação, com o objetivo de preparar e divulgar as
Recomendações Técnicas para a Imagem e o Som nas Mídias Audiovisuais
Digitais; documento que descreverá em detalhe os procedimentos mínimos
que assegurem a preservação da qualidade - com a reprodução fiel da
imagem e som, da captação até a recepção final da obra.

A experiência do espectador diante das obras audiovisuais é nosso bem
maior. Deve ser preservado e aprimorado. Para tanto, convidamos a
todos os interessados a se unirem à ABC neste esforço.


São Paulo, 28 de Outubro de 2011.

Presidente Carlos Pacheco
Vice-Presidente Adrian Teijido
Diretor Secretário  Rodrigo Monte
Diretora Tesoureira Maritza Caneca

Membros do Conselho:
Affonso Beato, Alziro Barbosa, Carlos Ebert, Henrique Leiner,
Jacob Solitrenick, Jose Francisco Neto, Jose Roberto Eliezer,
Lauro Escorel, Lito Mendes da Rocha. Lucio Kodato,
Marcelo Trotta, Nonato Estrela, Pedro Farkas, Roberto Faissal, Tide Borges.

Dispinível em: http://www.abcine.org.br/artigos/?id=693&/atitude-digital

--
Essa mensagem foi postada no grupo: http://groups.google.com/group/gtculturadigital?hl=pt?hl=pt-BR

Esse grupo está ligado ao Movimento Cultura Digital:
http://culturadigital.br/movimento

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